Sexta-Feira, 10 de Janeiro de 2025

Dom Ettore completa 10 Anos de Bispo e celebra junto aos fiéis 10 Anos da Diocese Naviraí


"Leia o artigo escrito por Dom Ettore e publicado no Informativo Diocesano onde conta sua trajetória nestes 10 Anos"

“MEUS 10 ANOS DE BISPO”


Era o dia 11 de maio de 2011, uma quarta-feira, na parte da tarde: numa estradinha de chão eu estava medindo as distâncias para várias categorias da primeira corrida da festa do padroeiro, O Bom Pastor, em Serrinha (BA), quando no meu celular apareceu uma chamada com número desconhecido (sempre há aquelas operadoras de celulares que tiram a paciência). Mas, ao atender, uma simpática voz feminina quis saber, em primeiro lugar, se podia falar livremente em particular, e tendo confirmado me disse que era uma ligação da Nunciatura Apostólica de Brasília e que, depois do sinal acústico, já estaria na ligação direta com o Núncio Apostólico dom Lorenzo Baldisseri. Perplexidade, transpiração e não sei mais quais sentimentos invadiram a minha mente. Logo reconheci a voz do Núncio que já havia ouvido numa visita na Bahia. Depois de uma rápida saudação ele me disse que precisava me encontrar com urgência na Nunciatura, mas que eu tivesse que manter o sigilo a respeito da minha viagem para Brasília. Fixamos a minha ida para o dia 17, depois da festa do padroeiro. Eu sabia que o encontro pessoal com o Núncio era uma das formas usadas para a Igreja pedir a disponibilidade a um padre de aceitar a nomeação do papa a bispo, mas quis acreditar que ele só quisesse informações de outras pessoas designadas a tanto. Não conseguia me ver bispo com somente 50 anos de vida, estrangeiro e com pouca experiência pastoral. Somente no dia 17 teria sabido o motivo do sigilo. Por enquanto, devia pensar em todos os detalhes da festa do Bom Pastor. Obedecendo, terça-feira, dia 17, chegava eu de madrugada pela primeira vez no Distrito Federal. Em pouco tempo estava na Nunciatura e o “homem” me esperava. Gentil, atencioso, quis saber primeiramente da festa do Bom Pastor, mas é claro que não era esse o motivo da convocação. Segurava um envelope que, a princípio, escondia o destinatário, mas visível quando o abriu: era a minha nomeação vinda do Vaticano como primeiro bispo de uma nova Diocese da qual nunca havia ouvido falar. Imaginável susto, minhas tentativas de escapar de tal responsabilidade, mas firmeza no Núncio me explicando a vontade de Deus, fruto também de uma sigilosa investigação a meu respeito e de um conhecimento detalhado da minha pessoa, do meu caminho vocacional, dos meus êxitos escolares e do meu trabalho sacerdotal como formador, superior regional e pároco. Queria que logo assinasse sem medo minha aceitação ao pedido do papa Bento XVI. Pedi um tempo para mais refletir e rezar, mas me disse que pela pressa do Papa devia decidir no prazo de dois dias; no entanto, ele já contava com o meu sim. A única pessoa com a qual poderia ter conversado a respeito era meu bispo. Voltei na mesma noite com uma única pergunta: “e agora”? No dia seguinte, pedi um encontro com meu bispo: ainda bem que estava livre e pôde me atender logo. Contei para ele os fatos, minha preocupação e minha indecisão; e ele, que já tinha passado por isso, me estimulou e me aconselhou a responder “sim”, confiante de que a Graça de Deus intervém constantemente. Na tarde do dia seguinte, quinta-feira, dia 19, comuniquei o meu “sim” por escrito via fax. Começou dai um bombardeio de coisas: a data do anúncio, dia 1º de junho; a ordenação, dia 22 de julho; a posse em Naviraí, dia 31; a criação do Lema episcopal, do brasão, entrevistas com a imprensa, etc. A partir daquele dia 1º de junho, minha vida não foi mais a mesma. Uma vez tomado posse devia aprender a ser bispo, a conhecer a nova realidade, a planejar junto com meu clero, que não conhecia. O começo não foi fácil. Não tínhamos padres suficientes, não havia estruturas, os demais líderes tinham ficado com a diocese de Dourados. Mas logo nos demos conta de que o clima entre nós era muito bom: todos com vontade de trabalhar, de dar um rosto à nova diocese. E em breve os resultados vieram. Aumentamos de número com novas ordenações e entradas de novos seminaristas, estudamos juntos as prioridades diocesanas e tivemos a coragem e ousadia de construir os ambientes para a formação de líderes. Ao completar meus 10 anos de vida episcopal, re-percorro agora, claramente, momentos tristes, as preocupações, alguns mal entendimentos com um ou outro líder ou grupo, mas era necessário que eu criasse uma Igreja unida e com clareza de intentos. Não me deixei intimidar, pois sabia da responsabilidade última que cai sobre a autoridade do bispo. Creio que chegamos a um bom ponto. As obras falam por si mesmas: o esforço comum de todos foi grande. Para mim, pessoalmente, é uma alegria somar o fruto de grandes eventos: ordenei 16 diáconos (13 transitórios e 3 permanentes), dos quais 12 para a diocese, e desses 11 já sacerdotes; ordenei 19 padres, 11 para a diocese e 8 para outras dioceses ou Instituições religiosas; e crismei 16.781 jovens e adultos, embora a pandemia tenha impedido muitas celebrações nesse período. Por meio da minha pequenez, Deus fez muitas coisas. Por tudo isso, não me resta outra coisa senão agradecer a Deus, em primeiro lugar porque se serviu desse seu simples servo; a Cristo no qual cada consagrado deve se espelhar, ao Espírito Santo sem o qual seria como bambu somente agitado pelo vento sem produzir fruto, a Maria, cujo nome ecoa na Diocese nas inúmeras comunidades e paróquias, e ao meu clero, padres, diáconos, religiosos e seminaristas com os quais constituímos a minha nova família. Dez anos se passaram rapidamente. Agora, inicia-se a segunda década. O que mais poderia pedir? Só a graça de continuar a servir meu povo com serenidade.


(Texto: Dom Ettore Dotti - CSF, Bispo de Naviraí-MS). 


FONTE: RÉGIS LUIZ DRT-1339/BOLETIMS


Fonte: RÉGIS LUIZ DRT-1339/BOLETIMS

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